Para Viviane Corrêa Santos
Meus versos amputados rastejam-se sobre finas lâminas de navalhas.
A cidade média de papel suspenso ora eleva-se no horizonte; ora alinha-se ao nível dos rios Itacaiúnas e Tocantins.
Marabá de minhas certezas desesperadamente pretendidas certas, cujo trem abarrotado de esperanças contraditórias leva e eleva e suprime infinitos gritos inaudíveis de tudo o que seu solo já não pode oferecer.
E do alto do terminal da Folha 32, o Itacaiúnas manda seu cheiro e frescor enquanto você, meu Amor, avança pela deserta e bem pavimentada Transamazônica.
A cidade toda iluminada se estende como um grande lençol cintilante sobre um imenso corpo irregular.
Enquanto o ônibus atrasado alinha-se à baia de embarque trazendo-me uma terrível solidão. E o desejo de não embarcar destroça-me retrocedendo os momentos de paz que é possível alcançar plenamente nos braços de quem amamos.
(Marabá – PA, 14 de dezembro de 2014)
Texto e foto: Walter Rodrigues.