Por que ainda se escrevem livros de poesias? A cada verso escrito, a cada rima traçada (de forma ingênua ou sátira) esvai o eterno dizer-se dizendo o que de outra forma não poderia ser dito. Exceto por suspiros e olhares perdidos. O despir-se de inumeráveis máscaras marcadas nesse incessante procurar da verdadeira face. Possível? Catarse, talvez exorcismo. Mas para que se escrevem livros de poesias? Para gritar nas linhas e entre linhas, cuspir para o alto, mesclar-se. Correr em desespero para chegar primeiro a lugar nenhum e, estando lá, executar o plangente e sofredor tango argentino e dançar sozinho. Comer estrelas sujas e vomitar inúmeros gnomos endoidecidos, buscando colher as flores de um jardim ensanguentado de desejos pré-moldados, enquanto os anjos trepam, às escondidas, em asteroides peregrinos. Para fazer sentir, sentindo-se…
Publicado originalmente em 01 de agosto de 2008.
Belém-Pará.