Eis que “O mundo inteiro é uma vilazinha”, uma expressão popular italiana ou um provérbio que foi escrito há centenas de anos e que expressa que podemos encontrar pessoas conhecidas em qualquer parte do Planeta. “O mundo é pequeno”, como nós brasileiros dizemos. Hoje, no mundo virtual ele se tornou menor ainda e é através desse pequeno grande mundo que encontramos muitos pesquisadores com os mesmos anseios e interesses de pesquisa que o nosso. Foi assim que encontrei o David. Um pesquisador cheio de energia, ético e que ama verdadeiramente ensinar e pesquisar. Por esta razão a seriedade do seu trabalho e do presente livro.
O autor se interessa muito pelo conhecimento popular e tradicional e por esta razão que ele quis trazer para nós, leitores, algumas das melhores expressões e conselhos populares relacionados à natureza e voltados à metodologia da pesquisa educacional, um livro que deve ser lido por todos os pesquisadores, jovens e sêniores, pois discute nossas práticas e nos faz refletir se somos simplesmente os grandes conhecedores das nossas especialidades ou se estamos nos tornando também sábios dentro do nosso trabalho e na nossa vida cotidiana.
O renomado pesquisador Adriaan Theodoor Peperzak salienta que em todas as culturas a palavra “sabedoria” evoca as práticas humanas exemplares, apropriadas, prudentes, justas e altamente recomendáveis. O sábio sabe como se comportar e como agir, ele pode consultar as circunstâncias críticas ou conflituais, mas isso não quer dizer que ele é o mais sábio de todos. Felizmente o mundo universitário não está privado de sábios que além da especialidade que possuem não deixam também de lado o visível grau de sabedoria. Mas como tudo não é perfeito, podemos afirmar que muitos pesquisadores, até mesmo os que obtiveram os melhores prêmios nas suas áreas de atuação sejam sábios.
Mas o que torna um pesquisador especialista num sábio? A sabedoria vem através da vivência, ela guia as pessoas para viverem da melhor maneira possível, sem vaidades e grandiosidades, fluindo com as experiências e conhecimentos conquistados pelo trabalho. Vocês verão os preciosos conselhos pessoais, profissionais e metodológicos ao longo desses escritos, onde o autor salienta que as atividades acadêmicas devem emergir de trabalhos exaustivos de pesquisa bibliográfica, de discussões com profissionais mais experientes e de trabalhos de campo sem erros. Para tal, podemos nos apropriar desses ensinamentos, eles estão aqui para nos ajudar e podem ser uma espécie de guia para uma vida acadêmica bem próspera.
As expressões populares constituem a base da sabedoria e da filosofia de uma determinada sociedade e sua visão do mundo. Estão juntamente ligadas à cultura, aos pontos de vista, aos estados de espírito e às crenças de um povo. Essas crenças podem ser abstratas e cheias de significados simbólicos, como o provérbio israelense, “Não vemos as coisas como elas são”. O autor fez uma análise sobre a competência que o Homem tem de planejar e que esse planejamento sofre diversas influências do mundo que nos envolve, assim como nas nossas pesquisas.
O autor, através das citações populares, se detém sobre a importância da experiência dos idosos nas pesquisas sociais, pois podem contribuir com riqueza de detalhes, acontecimentos antigos que explicam situações atuais. Com a longevidade, mais e mais problemas de pesquisa podem ser respondidos por esses atores e pistas para novas pesquisas podem ser encontradas nesse livro. Estamos vivendo outros tempos, onde professores eméritos continuam escrevendo e coordenando atividades científicas, inclusive podem coordenar e receber financiamento. Nos Estados Unidos, professores mais velhos recebem mais verbas para a pesquisa que os professores mais jovens[1] e esse fato trouxe consequências para as investigações, ou seja, está sendo super benéfico. O autor está sendo um dos precursores dessas discussões no Brasil e uma de suas frases: “A coisa mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito” (Áustria).
Esse livro chega em momento oportuno, onde coloca-se em evidência o conhecimento do senso comum nas pesquisas científicas. Escrito em linguagem clara e acessível, apresenta e discute as expressões populares e a importância dos métodos qualitativos e quantitativos, principalmente os utilizados atualmente e os que o autor vem utilizando. É uma importante contribuição de suas recentes pesquisas e experiências e o melhor de tudo é que será democraticamente dividido com todos os alunos de graduação, pós-graduação, professores, pesquisadores e demais interessados.
Maria Luiza Schwarz
(Doutora em Geografia pela Université de Montreal, Canadá, com estágios pós-doutorais no Canadá, México e Brasil. Trabalhos publicados na área de Geografia Humana, com ênfase nas representações sociais sobre a biodiversidade e os biomas, além da importância da Arte para o Ensino da Geografia).