O livro Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural da Amazônia Paraense expõe o resultado de pesquisas realizadas ao nível de iniciação científica, graduação e mestrado desenvolvidas na Faculdade de Geografia e Cartografia e no Programa de Pós-Graduação e Geografia da Universidade Federal do Pará por integrantes do GDEA-Grupo de Pesquisas Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural da Amazônia. Nele o GDEA oferece um pequeno panorama da heterogeneidade da Amazônia oriental.
O texto Uso do território e ordenamento no âmbito do Pará rural tem como propósito analisar o uso do território a partir do ordenamento rural do Programa de redução da pobreza e gestão dos recursos naturais do Pará – Pará Rural em que seu foco seria a implantação de fóruns de desenvolvimento municipais em alguns municípios paraenses, com vista ao desenvolvimento territorial sustentável, a partir de Projetos Produtivos (PIP) no meio rural financiados com recursos de Banco Mundial e Governo do Estado do Pará. Nele o autor nos ajuda a perceber o quanto o planejamento estatal desconsidera a dimensão espacial da existência.
No texto Direito ao território e grandes empreendimentos: lutas e resistências dos povos quilombolas no município de Baião – PA a autora procura compreender os impactos produzidos pelos grandes empreendimentos no município de Baião (PA), em especial os de caráter econômico, ambiental e socioterritorial, a partir da análise das estratégias de resistência desenvolvidas pelos povos quilombolas locais. Para tanto, toma-se como referência de estudo o território quilombola de Araquembaua, comunidade quilombola baionense titulada em 2002. Parte-se do pressuposto de que a situação geográfica que se materializa em Araquembaua dialoga com inúmeros processos semelhantes no próprio município, na Amazônia Paraense e no restante do país.
Em Políticas de estado no espaço agrário amazônico: ferrovia e uso da cartografia participativa na organização do espaço no quilombo o autor problematiza a ofensiva dos grandes projetos sobre comunidades quilombolas tendo como situação empírica a possibilidade de instalação da Ferrovia Açailândia(MA)-Barcarena(PA) que ameaça as 72 famílias do quilombo de África e Laranjituba e de que maneira a “psicoesfera” gerada pelo projeto interfere na organização da produção do espaço. O objetivo da análise é mostrar o uso da cartografia participativa na organização do espaço face à “psicosfera” suscitada pela possibilidade da construção da Ferrovia Açailândia (MA)-Barcarena (PA) e seu rebatimento na organização espacial das comunidades do quilombo de África e Laranjituba.
No texto O agroextrativismo do açaí e suas implicações na dinâmica espacial em áreas ribeirinhas da Amazônia tocantina paraenses o autor sustenta que a dinâmica que envolve o agroextrativismo do açaí no estuário amazônico paraense reflete uma nova fase de inserção da economia ribeirinha na lógica de mercado que, dentre outras implicações, reordena as antigas práticas de uso dos recursos locais ao passo que redefine a própria dinâmica espacial nestas áreas. Contribuindo assim para pensar a reprodução do modo de vida ribeirinho diante da chegada de novos processos espaciais.
O texto Impactos socioambientais da mineração da bauxita no Assentamento Socó I em Juruti Pará oferece um quadro dos impactos ambientais da atividade mineradora em modos de vidas tradicionais, tendo como exemplo o assentamento agroextrativista Socó I. Entende-se, por impactos ambientais, as alterações no meio social (condições sociais, econômicas, culturais e políticas) e natural (condições presentes no ambiente físico, água, solo, vegetação, clima e suas interações). A pesquisa consiste em caracterizar como esses impactos se manifestam espacialmente. O impacto ambiental, visto apenas como resultado direto da mineração, não ajuda a construir este diálogo, abordaremos com análise do território para entender as manifestações sociais, econômicas, políticas e ambientais.
O livro finaliza com um convite ao pensamento de Josué de Castro, pois é isso o que faz o texto A geografia e a teoria do espaço social no pensamento de Josué de Castro que procura reconstituir essa teoria, ainda que em largos traços. Para tanto, a autora caracteriza os fundamentos teóricos e metodológicos a partir da análise das obras de Josué de Castro. Nelas ressalta a teoria social do espaço presente na geografia de contestação manifestada em temas de relevância como a fome, o mesmo especializa tal fenômeno, fazendo um traçado de questões de ordem econômica que geram as desigualdades sociais no mundo, o autor diz que a fome é uma consequência histórica de nosso país.
O leitor está diante de reflexões ousadas, autênticas e que não temem pensar o novo. Reflexões jovens, que expressam partes da dissertação e da monografia de conclusão de curso e do plano de trabalho de iniciação científica, ainda tateando o olhar geográfico, comprometidas com a crítica e o engajamento do pesquisador com a situação de pesquisa. Elas estimulam novos pesquisadores a sistematizar suas análises, organizá-las de modo coerente e consiste e disponibilizá-las para o debate na esperança de que possam ser superadas. Afinal, em se tratando de ciência, o pensamento é feito para ser lapidado e não cultuado.
Ana Cláudia Alves de Carvalho
Cleison Bastos dos Santos
João Santos Nahum
SOBRE OS AUTORES E ORGANIZADORES
Ana Cláudia Alves Carvalho
carvalho[email protected]
Possui graduação em Geografia (2012) pela Universidade Federal do Pará. Mestre em Geografia (2016) pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará (PPGEO). Atualmente é doutoranda do PPGEO/UFPA. Colaboradora do Grupo de Pesquisa GDEA – Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia Paraense.
Carla Joelma de Oliveira Lopes
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Possui graduação em Psicologia (1997), História (2007) e Geografia (2013) ambos pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Aperfeiçoamento em Gênero e diversidade na escola (2013). Especialização em Educação para Relações Étnicos Raciais (2012) pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA). Mestrado em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) da Universidade Federal do Pará e doutoranda do PPGEO/UFPA. Pesquisadora dos grupos de pesquisas: GDEA – Grupo de pesquisa – Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia Paraense e do EDUQ – Grupo de pesquisa Saberes e Práticas Educativas de Populações Quilombolas da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Professora de História, Geografia e Estudos Amazônicos da Rede Estadual de Ensino (SEDUC).
Carlos Alberto de Souza Mascarenhas
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Possui graduação em Geografia (2002) pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Aperfeiçoamento (2015) em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça pela UFPA. Especialização (2007) em Desenvolvimento de Áreas Amazônicas – FIPAM pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA). Especialização (2016) em UNIAFRO – Política de Promoção de Igualdade Racial pela UFPA. Mestrado em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPA (PPGEO). Pesquisador dos grupos de pesquisas: GDEA – Grupo de GDEA – Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia Paraense e do EDUQ – Grupo de pesquisa Saberes e Práticas Educativas de Populações Quilombolas da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Professor de Geografia da Rede Estadual de Ensino (SEDUC).
Cleison Bastos dos Santos
[email protected]/ [email protected]
Possui graduação em Geografia (2005) pela Universidade Federal do Pará. Especialista em Geografia da Amazônia pela FIBRA – Faculdade Integrada Brasil-Amazônia, em 2009. Mestre em Geografia (2015) pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará e doutorando do PPGEO/UFPA. Professor efetivo de Geografia da rede de ensino municipal em Moju (SEMED) e da rede estadual (SEDUC). Pesquisador e coordenador Adjunto do Grupo de Pesquisa GDEA – Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia Paraense.
Denison da Silva Ferreira
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Possui graduação em Geografia (2011) pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestrado em Geografia (2014) pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia e é doutorando pelo PPGEO/UFPA. Professor Substituto do Curso de Geografia da Universidade Estadual do Pará (UEPA).
Edivim Gomes da Silva
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Possui graduação em Pedagogia (2006) pela Universidade da Amazônia (UNAMA). Graduação em Geografia (2013) pela Universidade Federal do Pará. Mestrado em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor Colaborador da Universidade do Oeste do Pará (UFOPA). Atualmente é professor de geografia da rede municipal de Monte Alegre e Pesquisador colaborador do Grupo de Pesquisa GDEA – Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia Paraense.
João Santos Nahum
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Possui graduação em Geografia (1992) e Ciências Sociais (1995) pela Universidade Federal do Pará. Especialista em Estado e Fronteira e mestrado em Planejamento do Desenvolvimento no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (2000). Especialização em Geografia e Planejamento Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), em 1995. Doutorado em Geografia pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP-Rio Claro), em 2006. Atualmente é Professor de Geografia da Faculdade de Geografia e Cartografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará. Pesquisador e Coordenador do Grupo de Pesquisa GDEA – Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia Paraense.
Jakeline Almeida Brito
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Possui graduação em Geografia (2018) pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará. Pesquisadora colaboradora do Grupo de pesquisa GDEA – Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia Paraense.
Mílvio da Silva Ribeiro
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Possui graduação em Geografia (2013) pela Universidade Federal do Pará. Mestre em Geografia (2015) pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará e doutorando do PPGEO/UFPA. Professor da Educação básica na rede municipal (SEMEC- Tucuruí-PA) e estadual (SEDUC-PA). Atualmente é doutorando em Geografia do PPGEO-UFPA. Pesquisador colaborador do Grupo de Pesquisa GDEA – Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia Paraense.