Sabe-se que na obra O Processo, de Franz Kafka, as relações de poder no campo jurídico são produzidas de forma a dificultar o acesso à justiça do personagem principal, situação comum a realidade que se vive atualmente por muitos que recorrem ao Judiciário. Portanto, as relações jurídicas apresentadas na narrativa são permeadas de um discurso de poder e dominação. O presente trabalho pretende analisar, a partir de O Processo, as relações de poder e saber fabricadas nas relações jurídicas que impedem o acesso à justiça. Para isso, apresenta-se a questão do acesso à justiça sob a ótica de Cappelletti. Logo depois, identifica-se os jogos de poder que delineiam o campo jurídico nos dias atuais e a relação entre “leigos” e profissionais do Direito. E, finalmente, observa-se como O Processo aborda questões relativas ao acesso à justiça e relações de poder no campo jurídico que permeiam o que a sociedade expressa atualmente. Desse modo, utiliza-se o método hipotético-dedutivo, tratando-se de uma pesquisa exploratória, com levantamento bibliográfico sobre o tema, e utilizando, principalmente, estudos de Pierre Bourdieu e Mauro Cappelletti sobre o assunto. Tal estudo revelou-se importante pois, ao analisar tais relações de poder e saber sob a ótica kafkiana, levantado questionamentos sobre a arbitrariedade na aplicação de certos discursos e sobre o acesso à justiça, buscou-se contribuir para os campos das pesquisas sociológica, jurídica e literária que estudam tal matéria. Afere-se, então, que as relações jurídicas apresentadas no enredo em questão são compostas de um discurso do poder e segregação daqueles que não fazem parte do campo jurídico, dificultando o acesso à justiça.
(Os autores)