A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de cunho normativo dos currículos da educação básica nas instituições educacionais brasileiras, com movimentações de implementação desde 2019. Implementação que trouxe implicações ao ensino de geografia, em especial ao ensinado nas escolas do campo. Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo é analisar o ensino de geografia a partir da relação entre currículo da BNCC (Política curricular) e o território, apontando as contradições presentes no ensinar geográfico e princípios da educação do campo na Comunidade de Santa Terezinha-Castanhal/PA.
Afinal, se entende e confirma que a escola é mais um território em disputa pelo grande capital, que almeja lançar mão da escola através do controle da prática educativa via BNCC, estabelecendo uma prática não reconhecedora da dinâmica social e territorial dos educandos e educandas. Nessa dimensão, o currículo é mais um território em disputa.
O espaço de análise foi a escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Leandra Paulino Corrêa, localizada na Comunidade de Santa Terezinha-Castanhal/PA no estado do Pará, e os sujeitos da pesquisa os moradores da comunidade, coordenadora pedagógica, professor de geografia e alunos do ensino fundamental dos anos iniciais e finais. O desdobrar desta investigação seguiu o caminhar pela abordagem qualitativa que foi realizada nas seguintes etapas: levantamento bibliográfico dos fios teóricos em torno do Ensino de Geografia, Educação do Campo, Currículo e Território; levantamento documental da BNCC, dos principais marcos regulatórios e legislação educacional para a educação do campo e pesquisa de campo, que realizará as observações sistematizadas de aulas, atividades extraclasse desenvolvidas, sentimentos e impressões.
Em outros contextos em disputa na Amazônia, pensar o papel do ensino de geografia e da educação do campo atrelado ao território na comunidade é fortalecer a dimensão da crítica emancipatória, no sentido de demonstrar os aspectos políticos e ideológicos subjacentes aos interesses do capital, e construir, coletivamente, formas de superá-los. O que a Educação do Campo preconiza é a emancipação humana.
O estudo demonstrou a tentativa de fragilização do ensino de geografia em sua base epistemológica e metodológica, perda de vínculo com realidade/território camponês, desperdício da experiência imbuída de cultura, desmobilização da coletividade, enfraquecimento da autonomia. Por tal, justifica-se o estudo por entender e vivenciar que o chão da escola é mais um território de disputa em que o camponês precisa se firmar e (re)pensar enquanto sujeito de sua existência.
O livro está estruturado em quatros capítulos. O primeiro, intitulado “primeiras palavras” discorre sobre os motivos que fizeram a chegar nesse estudo e seu trilhar metodológico. O segundo, intitulado “Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como política no contexto das reformas neoliberais”, busca expor as políticas neoliberais: o que isso tem a ver com a BNCC, que discorrem respectivamente sobre o objetivo e as estratégias do projeto neoliberal de posse da educação através das prescrições e previsões contida no texto final da BNCC, recém implementada nas escolas. Na sequência, discute-se sobre a BNCC e as implicações no Ensino de Geografia. Por último, o chegar da BNCC e as implicações ao ensinar geográfico nas escolas do campo. Tais discussões situam o objeto no contexto mais amplo do movimento das reformas neoliberais.
O segundo capítulo, por sua vez, intitulado “História tecida por vivências: da Comunidade à Escola”, inicia com a história da Comunidade de Santa Terezinha: Aprendizagem Territorial, depois analisa a expansão do agronegócio e resistência camponesa no território de Santa Terezinha, expondo a relação dos sujeitos camponeses com o território desde os primeiros moradores até hoje. Além disso, historiciza o percurso da Escola MEIEF. Leandra Paulino Corrêa.
Por fim, o terceiro capítulo, intitulado “Tecendo os fios encontrados na Pesquisa: BNCC, Ensino de Geografia na Escola do Campo Leandra Paulino Corrêa (LPC)”, analisa a prática educativa desenvolvida na escola, mostrando as contradições do processo de implementação da base, bem como a resistência dos sujeitos em atrelar o ensinar geográfico ao seu território. Nele, se elucida, de forma mais específica, o que há de contradição nesse processo, concretizado com a fragilização do ensino de geografia em sua base epistemológica e metodológica, perda de vínculo com realidade/território camponês, desperdício da experiência imbuída de cultura, desmobilização da coletividade, enfraquecimento da autonomia.
Ensino de geografia na educação do campo: tecendo as contradições entre currículo (BNCC) e o território da Comunidade de Santa Terezinha, Castanhal/PA
Rafaela do Nascimento de Souza
ISBN: 978-85-9535-290-2
DOI: 10.36599/itac-978-85-9535-290-2
Ano: 2024
126 páginas
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