Este livro é o resultado da pesquisa de doutorado sobre o tema da relação entre arte e pessimismo nas obras de juventude do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Não reproduzimos aqui a tese defendida, e sim um estudo fundado a partir desta pesquisa, mas com uma linguagem mais simples e com algumas ideias sintetizadas, de modo a trazer ao leitor uma introdução ao tema do pessimismo na primeira obra publicada por Nietzsche.
Ao explorar as raízes do pessimismo dionisíaco, este livro revela como Nietzsche, inspirado pelas tragédias gregas, confronta o pessimismo moderno através da arte. A dualidade entre Apolo e Dioniso, fundamentada nas raízes da mitologia grega, torna-se um fio condutor para a compreensão do papel da filosofia e da arte na afirmação da vida. Dentro deste texto, investigamos não apenas o pensamento nietzschiano sobre a tragédia ática, mas também a questão do pessimismo conforme a sua diferença em relação às suposições schopenhauerianas predominantes. Em O nascimento da tragédia, o confronto com o pessimismo não é apenas uma questão psicológica ou filosófica, mas um convite nietzschiano à reavaliação do mundo moderno, sugerindo que a compreensão da cultura apolínea-dionisíaca dos Gregos antigos não é uma quimera romântica de regressão à época da inocência natural da humanidade, mas, ao contrário, uma imersão pedagógica na complexidade de uma civilização muito mais avançada em relação ao conhecimento sobre a vida.
Assim, este livro se propõe a ser um guia através das camadas de pensamento que permeiam O nascimento da tragédia, não apenas revelando o contexto histórico e filosófico que o moldou, mas também oferecendo uma forma de ensaio sobre a perspectiva contemporânea que Nietzsche colocou em questão para pensar a arte trágica. É um convite à reflexão sobre o papel da arte, do pessimismo e da busca por compreender os mecanismos surpreendentes que os gregos trágicos empregavam na arte de viver.
(O AUTOR)