“Pois por sua maior mobilidade, o capital especializa gradualmente os espaços, produzindo uma divisão espacial da degradação ambiental e gerando uma crescente coincidência entre a localização de áreas degradadas e de residência de “classes ambientais” dotadas de menor capacidade de se deslocalizar. Os grupos sociais que resistem a esta divisão espacial da degradação ambiental dificultam, conseqüentemente, a rentabilização esperada dos capitais, ao reduzir para estes a liberdade de escolha local e o índice de mobilidade de seus componentes técnicos. As lutas por justiça ambiental mostram, neste contexto, toda a sua potência como barreira organizada a este instrumento de subordinação política próprio à acumulação em sua forma flexível – a mobilidade espacial dos capitais” (ACSELRAD, 2002).
No trecho acima constatamos que as comunidades vulnerabilizadas na questão do acesso e uso dos bens territoriais quando estão organizadas são uma pedra no sapato dos projetos capitalistas destrutivos. A resistência que se dá de diferentes formas torna-se o único elemento de garantia e permanência de defesa do território. E território aqui compreendido como: alimento, moradia, trabalho, laços de afeto e solidariedade, identidade e ancestralidade. Portanto permanecer é lutar por direitos essenciais a existência e reprodução da vida, é recusar ao projeto moderno de distribuição desigual de poder que só beneficia a concentração e mais acumulação do capital.
Em 2022 ainda na pandemia do COVID-19 tivemos no formato hibrido o XI Meio Ambiente em Foco, evento acadêmico organizado pelo Programa de Educação Tutorial da Geografia, cujo, o tema central foi: “Racismo ambiental: conflitos, territórios e resistências”. Com esta temática a organização do evento composta por estudantes dos vários períodos dos cursos de licenciatura e bacharelado de Geografia pautaram a centralidade de questões inquietantes para a ciência e que exigem postura clara dos gestores do território quanto aos grupos sociais mais vulnerabilizados.
O evento que ocorreu no final do mês de novembro contou com a participação de diversos trabalhos acadêmicos de estudantes de graduação e pós-graduação que versou sobre os quatro eixos principais: seção 1: Geografia Física e Ambiental, seção 2: Cultura, Espaço e Território, seção 3: Práticas do Ensino da Geografia e seção 4 Racismo Ambiental. Foram cerca de quatro dezenas de trabalhos avaliados e apresentados que repercutiram a emergência do PETGEO/UFPE pautar, compreender e publicizar o assunto do racismo ambiental e institucional que permaneceu intocado e invisibilizado por muito tempo na Geografia Brasileira.
Agora chegou a hora do trabalho. Vamos ao estudo! Vamos à leitura!
Claudio Ubiratan Gonçalves
Tutor PET Geografia da Universidade Federal de Pernambuco