Essa pesquisa partiu da análise empírica das alterações ocorridas na paisagem da Vila da Barca, tendo como objetivo principal analisar a reconstrução dessa paisagem e suas implicações para a qualidade de vida da comunidade, a qual se localiza a margem direita da baía de Guajará, no município de Belém, estado do Pará. Tais alterações deveram-se à inserção do Projeto de Habitação e Urbanização da Vila da Barca, que aos poucos age sobre a paisagem desse lugar, bem como, sobre o modo de vida dessa comunidade. Esse Projeto é resultado de reivindicações e lutas entre sociedade organizada, membros de instituições religiosas e outros. Todavia, o que se observa a partir de relatos de moradores é que há um constante descontentamento devido a suas características arquitetônicas que acabaram não relevando as peculiaridades da comunidade da Vila da Barca, que apesar de ter diferentes ritmos sociais e estarem em meio urbano, ainda expressam relação de cumplicidade com o rio e seus recursos naturais. E isso, se deve à origem ribeirinha dos primeiros moradores, que em grande parte, vieram do interior do Estado, além do fato de os mesmos terem adaptado seu modo de vida às dinâmicas ambientais do rio. Contudo, há de se destacar a importância de planejar os Projetos Habitacionais a partir das reais necessidades dos moradores que habitam e vivem o espaço em seu cotidiano, tendo em vista que são eles que vão conviver com as alterações socioambientais que perpassam pela paisagem e que levam a comunidade a se readaptar a estas para poder sobreviver. Levando em consideração o fato dessas pessoas se sentirem na maioria das vezes a margem dos serviços públicos prestados, veem nessas ações governamentais a única oportunidade para alcançar a qualidade de vida, que infelizmente ainda está presente apenas no âmbito do conceito.
Sobre a autora
Viviane Corrêa Santos é formada em Geografia pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Mestre em Geografia pela UFPA. Especialista em Metodologia do Ensino pela UNIASSELVI e professora de Geografia Física pela Universidade do Estado do Pará – UEPA.