[…] o país, tem, com urgência, de aprender a re-ler nossa realidade. A aprendizagem da re-leitura implica, sem sombra de dúvida, o aprendizado de nova linguagem. Não posso re-ler o mundo, vê-lo adequadamente ao novo tempo em que me acho, se não melhoro os velhos instrumentos de análise, se não invento novos instrumentos, se não aprendo a melhor ligar e entender as parcialidades que se relacionam na totalidade que cindi para conhecer.
(Paulo Freire).[1]
Possibilitar dignidade às pessoas mais desfavorecidas socioeconomicamente, por meio de políticas públicas educacionais que garantem o acesso e permanência no âmbito do Instituto Federal Baiano é o fio condutor desta obra. Narrativas oriundas de olhares desde o todo que significam as políticas de Assistência Estudantil, porém, pormenorizadas em realidades específicas de pelo menos quatro campi do IF Baiano.
Serviço Social, Educação e Assistência Estudantil: diálogos contemporâneos é, por assim, dizer uma coletânea de alguns dos resultados do exercício profissional desenvolvido em nossos espaços sócio-ocupacionais do Serviço Social na Educação, nos campi e Reitoria, onde atuamos como assistentes sociais. Ou seja, trata-se de uma teia composta por capítulos que focalizam diferentes gradações, formulações e interfaces entre o campo de conhecimento das Ciências Sociais Aplicadas à Educação, tal como preconiza a proposta do nosso Grupo de Pesquisa Serviço Social, Educação, Negritude e Gênero (GPSSENGÊ-IF BAIANO).
Neste sentido, as escritas dessa obra emergem de momentos insurgentes e inquietantes de profissionais que lidam, no seu cotidiano profissional com problemas, cujas raízes são seculares. As demandas apresentadas e promovidas pela questão social nos seus desdobramentos contemporâneos: acirramento exponencial da pobreza que incidem nas famílias submetidas às mazelas sociais opressoras e subumanas, nas relações de gênero e étnico-raciais asfixiadas pela hegemonia do discurso eurocentrado. Não obstante, seus efeitos potencializam, na vida, principalmente, da população negra, dificuldades no acesso a direitos sociais, como a educação.
É sob esta condição que profissionais pesquisadoras e pesquisadores do Serviço Social na Educação aceitaram o nosso convite à reflexão de problemas vivenciados no seu espaço sócio-ocupacional, lócus de operacionalização de respostas às demandas da sociedade entrelaçadas por interesses de projetos sociais antagônicos resultantes das correlações de forças sociais.
Assim, temos a satisfação de destacar que as pesquisas coadunam com a relação de unidade entre dimensões teórico-metodológicas, técnico-operativas e ético-política. A dimensão teórico-operativa, origem desses trabalhos, materializa o conjunto das dimensões nas suas diversidades integrantes do Projeto Ético-Político-Profissional. Os diálogos contemporâneos propostos são promotores de reflexões sobre garantia, permanência e êxito de estudantes que acessam a Rede Federal de Ensino, a partir da Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), validada pelo Decreto Federal nº 7.234/2010.
Desejamos, portanto, que os olhares aqui descritos, para além da reflexão, apontem também novos horizontes sobre a garantia, a permanência e o êxito daquelas e daqueles que mais necessitam das políticas de Assistência Estudantil no âmbito da Rede Federal de Ensino, possibilitando a dignidade e modificando realidades.
Boa leitura a todas e a todos!
Maria Asenate Conceição Franco
Jairo da Silva e Silva
Organização
[1] FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. 11. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2015. p. 75.