Descrição
Nos últimos anos, as ferramentas computacionais vêm transformando diversas áreas do conhecimento, e a pesquisa científica não é exceção. A cada ano, essas ferramentas se tornam mais sofisticadas, oferecendo recursos para melhorar a produtividade, a análise de dados e a clareza da escrita científica. Com essas novas possibilidades, muitos pesquisadores se deparam com um cenário inovador e promissor, mas também com desafios éticos e metodológicos.
O impacto da Inteligência Artificial (IA) e de ferramentas de produtividade na ciência é multifacetado e complexo. Suas contribuições abrangem desde a aceleração de processos e a padronização da linguagem acadêmica até a revisão textual e a análise de grandes volumes de dados. Ferramentas focadas na produtividade, ao reduzir o tempo de trabalho, e aquelas baseadas em IA ajudam os pesquisadores a economizar tempo, facilitam descobertas e tornam a comunicação científica mais acessível a um público global. Para muitos, essas ferramentas representam uma oportunidade de dedicar mais tempo às partes mais analíticas e complexas de suas pesquisas.
No entanto, essa inovação traz consigo uma série de preocupações. Um dos pontos críticos envolve a originalidade e a ética. À medida que algoritmos de IA produzem textos e realizam análises com maior rapidez, surgem dúvidas sobre a possibilidade de plágio, a geração de informações equivocadas e problemas éticos. Existe o risco de que textos gerados por IA não reflitam totalmente a voz ou o conhecimento do pesquisador ou que comprometam a originalidade dos artigos, se não houver um esforço de adaptação e refinamento humano. Em análises de dados, outro desafio reside na confiabilidade e transparência dos modelos. Se as IAs são capazes de realizar ou propor análises rápidas e complexas, como garantir que os pesquisadores compreendam e saibam replicar os processos exatos utilizados por essas ferramentas?
A questão da autoria é outra área de debate. A quem cabe o reconhecimento? Devemos considerar as IAs como coautoras em trabalhos científicos? Ou essas ferramentas devem ser vistas como assistentes, cuja contribuição técnica precisa ser declarada, mas sem afetar a titularidade do autor principal?
Este livro não busca discutir o regramento do uso responsável da inteligência computacional na produção científica, mas sim apresentar a possibilidade do uso dessas ferramentas por pesquisadores.
Esperamos contribuir para o entendimento de como as ferramentas computacionais podem ser aliadas na vida profissional, sem que a responsabilidade ética e intelectual do pesquisador seja comprometida.
Profº. Dr. Evandro Ferreira da Silva – UFPA