O I DILAE (Diálogos Interculturais em Linguagens, Artes e Educação) foi um evento organizado em parceria interinstitucional pelo Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Artes, Cultura e Educação (GIPACE/IFPA) e pelo Grupo de Pesquisa Mulheres Amazônidas e Latino-americanas na Literatura e nas Artes (MALALAS/UFPA) em parceria com a Especializações em Linguagens e Artes na Formação Docente e a Especialização em Saberes, Linguagens e Práticas Educacionais na Amazônia.
O Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Artes, Cultura e Educação – GIPACE, foi criado em 2012 por um grupo de docentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, com objetivo de fortalecer a pesquisa interdisciplinar, ainda incipiente naquele ano, mas com perspectivas otimistas de desenvolvimento institucional. O intuito da criação do grupo foi também o crescimento acadêmico e profissional dos seus membros, todos docentes da área de Linguagens e Artes.
Desde sua criação até o ano de 2023, o GIPACE agrega professores-pesquisadores das áreas de Letras, Artes e Pedagogia e discentes de graduação e pós-graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. O GIPACE atua em caráter interdisciplinar na promoção de ações de ensino, pesquisa e extensão voltadas para as produções acadêmicas, artísticas e científicas, privilegiando a pesquisa em linguagens, processos de criação em artes e suas interfaces com a educação tecnológica e a valorização dos saberes amazônicos.
O GIPACE, grupo certificado pela instituição e cadastrado no CNPq, é um grupo que se destaca no cenário atual da pesquisa em linguagens no Pará, pelo desenvolvimento de ações inovadoras no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. O grupo, formado por docentes efetivos da área de Linguagens, é integrado por servidores dos Campus Belém e Ananindeua. Esse grupo propôs entre outras ações a criação dos cursos de especialização lato sensu em Saberes, Linguagens e Práticas Educacionais na Amazônia (2017) e Linguagens e Artes na Formação Docente (2021), cursos vigentes no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Belém.
O Intuito do I DILAE foi abordar uma educação intercultural crítica, na perspectiva de criar um novo olhar nos campos educacionais brasileiro e amazônico, onde diálogos horizontais pudessem articular igualdade e distinção entre várias concepções de linguagens, artes e cultura. Superando qualquer relação de conhecimento ou entendimento que crie hierarquias essenciais à sua complexa construção na educação escolar.
Para tanto, impõe-se a desestabilizar a hegemonia dos eruditos, assim como os processos que negam a existência do conhecimento e compreensão dos povos não-ocidentais, levando à sua desnaturalização como única fonte de referência para a cultura. No entanto, isso não significa apoiar a exclusão, eliminação ou desvalorização de concepções e práticas interculturais no ensino das linguagens. Ou seja, trata-se do crucial processo de descolonização que deve ocorrer para a interculturalização das concepções e saberes educacionais a fim de estabelecer múltiplos olhares e saberes na escola. O que implica no aprendizado do compartilhamento do poder, visto que não se defende a negação do conhecimento hegemônico para estabelecer outra hegemonia, mas sim, defender a promoção da diversidade de saberes e alternativas, investindo em pesquisas sobre sinergias entre o conhecimento acadêmico (des)eurocêntrico e outros saberes. (CANDAU, 2015[1]).
Dentro desta perspectiva, que os textos desta coletânea buscam debater temas que tentaram integrar e criar nas escolas múltiplos pontos de acesso para a promoção da “conversa do mundo” (SANTOS, 2009[2]) de uma forma mais ampla, rica e horizontal do que a compreensão ocidental do mundo (SANTOS, 2007[3]), trazendo para esse diálogo formas de conhecimento que foram ocultadas pelo nortecentrismo, é fundamental indagar sobre o legado oficial da civilização por meio do questionamento do currículo e do repertório fixo existentes nas escolas, e consequentemente, transgredir aos rituais escolares que o reproduzem.
Nesta perspectiva intercultural que nasce o DILAE, por isso, os textos que você irá ler neste e-book buscam dialogar com a comunidade acadêmico do IFPA, da UFPA, do Pará, da Amazônia e do Brasil estes olhares descolonizadores sobre o ensino de Linguagens e Artes produzidos por aqui.
Boa Leitura!
Wellingson Valente dos Reis
Silvia Sueli Santos Silva
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CANDAU, V. Construir Ecossistemas Educativos. Reinventar a Escola. In: CANDAU, V. (org.) Reinventar a Escola. Petrópolis: Vozes, 2010 (7ª ed.), 2005.
[2] SANTOS, B. S. Direitos humanos: o desafio da interculturalidade. In: Revista Direitos Humanos. Brasília, DF: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, 2009, pp. 10‐18.
[3] __________. Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia dos saberes. Uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, 36-46. Também publicado na Revista Novos Estudos Cebrap, 79, 71-94. 2007.